O poliamor e a relação poliamorosa têm sido temas muito abordados nos últimos anos. A imprensa tem dado algum destaque a estes, até porque as relações poliamorosas são cada vez mais comuns na sociedade atual.
Apesar de ser olhada com alguma estranheza, este tipo de relação atrai novos olhares. É caso para dizer: “primeiro estranha-se, depois entranha-se”. Se, à partida, a monogamia é o que nos parece mais correto, a verdade é que o ser humano não nasce com um “chip” que nos ensina a amar apenas uma pessoa.
Nesse sentido, as relações poliamorosas parecem ser uma alternativa, permitindo-nos ser felizes numa relação com várias pessoas envolvidas.
Para entender melhor, este artigo é dedicado a explicar o que é o poliamor, como funciona a relação poliamorosa, quais os os prós e contras e o que fazer para assumir esta relação.
Siga connosco!
O que é Poliamor?
Poliamor é um tipo de relação em que três, ou mais, pessoas estão juntas ao mesmo tempo, mas com o conhecimento e consentimento de todos os envolvidos.
As relações poliamorosas são opostas à monogamia (relação entre duas pessoas apenas) e baseiam-se no princípio da poligamia (relação em que existem relações amorosas e sexuais com várias pessoas ao mesmo tempo e com o consentimento de todas as pessoas).
As sociedades ocidentais apoiam-se bastante na monogamia e, por essa razão, a relação poliamorosa é vista com um olhar estranho e de desaprovação. No entanto, o surgimento de cada vez mais relações deste tipo faz com que passemos a ter um olhar mais “amplo” sobre as relações.
Muitas pessoas confundem o poliamor com um relacionamento aberto, ou livre. Neste último caso, existe a liberdade de ambos os membros do casal terem relações sexuais com outras pessoas, mas não há um envolvimento emocional nem convívio entre todas as partes. No poliamor temos mais do que um namorado e todos convivem com naturalidade.
A relação poliamorosa também não é uma troca de casais nem a inclusão de um terceiro elemento ao sexo (ménage à trois). Nestes últimos casos, trata-se de algo sexual e não emocional. Já no poliamor não! Os envolvidos sentem amor por mais do que uma pessoa.
É importante dizermos aqui que existem várias formas de poliamor e as maneiras como se vivem as relações poliamorosas podem ser muito diversas. Vejamos quais são!
Formas de Poliamor
Mesmo dentro do grupo de pessoas que vive o poliamor existem diferenças. As formas como se coloca em prática a relação poliamorosa pode ser muito distinta, mas todos têm de estar de acordo para que se possa considerar poliamor.
Vejamos!
- Poligamia – Uma relação poligâmica consiste no casamento, ou criação de laços matrimoniais, de um homem com duas, ou mais, mulheres ao mesmo tempo (sempre com o conhecimento e consentimento de todos os envolvidos).
- Poliandria – A poliandria consiste no casamento, ou na criação de laços matrimoniais, de uma mulher com dois, ou mais, homens ao mesmo tempo.
- Relação Mono-Poli – Este tipo de relação consiste em um dos indivíduos ser monogâmico (ter apenas um parceiro) e aceitar que o seu parceiro (ou parceira) tenha outras relações. Ou seja, um dos membros do casal é monogâmico e outro é poligâmico (mais uma vez, com o consentimento de todos os envolvidos).
- Relacionamento de grupo – Esta relação caracteriza-se pela relação de várias pessoas ao mesmo tempo, mas todas se consideram parte de uma mesma família.
- Polifidelidade – Este termo designa a relação amorosa e sexual entre várias pessoas, mas apenas com as que fazem parte do grupo. Por exemplo, alguém que está num relacionamento de grupo só pode manter relação amorosa e sexual com pessoas que fazem parte dessa família.
Diferença entre Poliamor e Pansexualidade
Muitas pessoas olham para a pansexualidade e para o poliamor como algo semelhante. No entanto, estes dois conceitos não se misturam e não são, de todo, sinónimos.
Enquanto o poliamor diz respeito às relações amorosas e sexuais com mais do que uma pessoa ao mesmo tempo, a pansexualidade é uma orientação sexual na qual o indivíduo sente atração sexual e emocional por pessoas de todos os sexos e identidade de género.
Embora uma pessoa numa relação poliamorosa possa ser pansexual, esta não é uma orientação obrigatória, tampouco designativa do poliamor.
O vídeo que te trazemos agora é muito esclarecedor sobre este assunto. Ora veja!
Como é viver uma Relação Poliamorosa?
Quando o assunto é manter uma relação a três, ou mais, pessoas, o grande desafio é a gestão do tempo. É importante que todos os envolvidos saibam das “agendas” para conseguirem organizar-se para estarem todos juntos.
Além de ter de haver espaço para estarem todos juntos, é importante que os diferentes membros da relação tenham tempo a dois (A com B, A com C e B com C).
Mesmo que uma das pessoas só se relacione sexualmente com um outro membro, é essencial garantir uma boa relação com a terceira (ou quarta, quinta, sexta…) pessoa. Por isso, ter tempos a dois com todos os parceiros da relação poliamorosa é indispensável.
O diálogo é fundamental para que todos os envolvidos estejam confortáveis e seguros na relação. É importante haver compreensão e honestidade em todos os assuntos, incluindo nos sentimentos que os unem.
Uma das grandes dificuldades sentidas pelas pessoas que vivem o poliamor é lidar com o preconceito. A sociedade está “formatada” para relações a dois e olha todas as outras formas de relação com estranheza.
A aceitação do poliamor por parte da própria família pode ser um entrave para muitas pessoas que até gostavam de seguir por este “caminho” poliamoroso. Quando os nossos pais, avós, tios e irmãos nos olham “de lado”, como se fossemos estranhos, torna-se difícil tomar uma decisão firme e algumas pessoas acabam por ter relações monogâmicas para não saírem do “normal”.
É importante que quem queira seguir este caminho consiga dialogar com a família, explicando como funciona o poliamor e mostrando que todos são felizes ao viverem assim. Com certeza, não será um caminho fácil, mas possível!
Vantagens do Poliamor
Uma das principais vantagens do poliamor é a possibilidade de viver vários amores ao mesmo tempo. Se já se apaixonou por duas pessoas ao mesmo tempo, facilmente percebe este benefício.
Não seria ótimo poder viver estas duas paixões, sem ter de escolher entre uma e outra ou sem culpa por trair uma pessoa com outra? Sem dúvida, a grande vantagem das relações poliamorosas é esta!
Outra vantagem é que não existe um sentimento de posse. Neste tipo de relação, não existe a ideia de que aquela pessoa nos “pertence”, ou seja, não há possessão (fator que é muito visível em relações a dois e é motivo para desentendimentos e infelicidade no casal).
Quando há uma boa comunicação e o diálogo é franco, o relacionamento poliamoroso permite-nos viver sem culpa por termos relações sexuais e amorosas com outras pessoas. Por isso, o mais importante é que sejamos sinceros desde o início, demonstrando o que queremos e como esperamos que seja a relação.
Desvantagens do Poliamor
Apesar de todos estes benefícios, também existem algumas desvantagens e desafios que precisam ser levados em consideração. Vejamos!
- Ciúmes – É fundamental que a comunicação seja clara e sincera e digamos aquilo que não estamos a gostar. Por exemplo, sente-se incomodado quando vê o seu parceiro dar um beijo na terceira pessoa? Fale abertamente para que consigam ultrapassar momentos de tensão e desconforto.
- Comparação – Compararmo-nos com os outros é uma tendência muito comum. No entanto, cada pessoa tem defeitos e qualidade e é interessante à sua maneira.
- Fim de relação – Quando termina uma relação com um dos membros da relação poliamorosa, é sempre complicado. Não é o facto de termos mais do que um parceiro que vai fazer com que a dor seja menor.
- Preconceito – Lidar com o preconceito é, com toda a certeza, um dos grandes desafios. Mais uma vez, a comunicação honesta e clara é fundamental. É verdade que nem sempre seremos aceites pelos mais próximos, mas quanto mais sinceros formos, maior será a possibilidade de haver aceitação.
Como saber se é Poliamoroso?
Sente-se na dúvida sobre se é, ou não, uma pessoa poliamorosa? Antes de mais nada, é normal que se sinta assim, até porque cresceu com a imagem ideal de um casamento monogâmico. Quando vivemos toda a nossa vida com uma imagem perfeita na cabeça, é difícil “abrir horizontes” e ver com naturalidade outras realidades.
Para ajudá-lo, reunimos aqui alguns sinais de que você pode ser alguém poliamoroso, ou predisposto para ter uma relação poliamorosa.
- Sente-se apaixonado por mais do que uma pessoa. Se está apaixonado por mais do que uma pessoa ao mesmo tempo (ou se já se apaixonou por mais do que uma pessoa em algum momento da sua vida), então é muito provável que a relação poliamorosa seja atrativa para si.
- Sente-se “amarrado” quando está numa relação monogâmica. Quando está numa relação monogâmica, sente-se preso ou “castrado”? Sente que lhe tiram a liberdade? Este é um sentimento muito comum em pessoas poliamorosas, pois o relacionamento monogâmico acaba por retirar a possibilidade de viver o amor com outras pessoas de forma plena.
- Tem problemas com compromisso. Já lhe disseram que não consegue ser compromissado num relacionamento? Pessoas poliamorosas sentem muita dificuldade em manter um compromisso com uma pessoa e podem olhar para o comprometimento como algo assustador.
- Traições em relações monogâmicas. Pessoas poliamorosas sentem-se incapazes de ter relacionamentos monogâmicos e, quando os têm, é comum que existam muitas traições (apesar de poder haver, ou não, culpa associada).
- Não se importa, ou sente-se bem, ao pensar que o seu parceiro pode estar com outras pessoas. Sente-se bem ao pensar que o seu parceiro está com outras pessoas sexual e emocionalmente? Sente que isso não significa uma quebra de compromisso ou traição? Se sim, então este é o principal sinal de que é uma pessoa poliamorosa.
O que fazer para assumir uma Relação Poliamorosa?
Assumir para o mundo e para a nossa família que somos poliamorosos não é fácil. Sabemos que o preconceito existe e não é fácil que as pessoas aceitem com facilidade que se relaciona com várias pessoas e que todas estão confortáveis com essa situação.
Apesar de todas as dificuldades que já sabe que vai enfrentar, a melhor forma de levarmos a nossa vida é com sinceridade e honestidade. Viver a esconder quem somos apenas nos vai causar frustração e ansiedade. Por isso, a melhor forma de viver é assumindo todas as nossas facetas de peito aberto e cabeça erguida.
Se ainda tem dúvidas quanto ao que sente, ou se ainda não sabe se é uma pessoa poliamorosa, a melhor opção é procurar um terapeuta ou psicólogo que o ajude a decifrar-se a si mesmo.
Estes profissionais também podem ser uma grande ajuda a lidar com conflitos na família gerados pelo facto de ser poliamoroso e podem dar boas dicas para conversar com a sua família na hora de assumir relações poliamorosas.
Sabemos que não será um caminho fácil, mas, com toda a certeza, dar-se a oportunidade de viver uma relação poliamorosa vai dar-lhe a oportunidade de se conhecer e de ser feliz.